sábado, 7 de maio de 2022

São Josemaria Escrivá


Terminei, recentemente, a biografia do meu amado São Josemaria. A que li foi escrita por um de seus filhos, Hugo de Azevedo, e ricamente editada pela Minha Biblioteca Católica. 

Se me impressionava suas obras (até então só tinha lido seus livros), muito mais me impactou sua biografia, fazendo-me concluir que São Josemaria é INACREDITAVELMENTE  maior do que as suas obras.

É impossível terminar esta biografia da mesma forma que quando iniciamos ela, mas gostaria de destacar, neste post, o penúltimo capítulo, entitulado "Por Amor à Igreja".

Para as circunstâncias adversas que o abraçavam à época, e que tanto lhe preocupavam e doíam, São Josemaria tinha apenas uma resposta: REZAR.

Neste capítulo, é possível perceber que o Santo já estava navegando em águas mais profundas na sua espiritualidade, como se já estivesse por sentir que sua jornada, aqui, estava prestes a findar.

                "Eu peço a Deus que me leve, pela Igreja. Aqui já não faço mais do que estorvar, e no Céu poderei ajudar mais."

São Josemaria me ensinou, com seus escritos, a santificar meu trabalho cotidiano, mas com sua biografia, me ensinou a amar a ainda mais a Deus, a Vigem Maria, a Igreja e tudo de imenso que ela representa.

Me ensinou inúmeras jaculatórias que já sigo repetindo diariamente em minha rotina diária: "Fiat, adimpleatur", isto é, Faça-se, cumpra-se", como ele nos ensina em Caminho (691):

                "Tens contrariedades? Diz muito devagar, como que saboreando, esta oração forte e viril: Faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas - Amém. Amém."

À jaculatória "Fiat, adimpleatur" acrescentei "In laetitia, nulla dies sine cruce!"- com alegria, nenhum dia sem cruz! Pois  como ele mesmo escreveu: "O sacrifício com Amor é uma alegria imensa, mesmo nos momentos mais duros (...) Podemos amar o Senhor mesmo estando partidos, meus filhos."

                "A dor é o martelar do artista, que quer fazer de cada um, dessa massa informe que nós somos, um crucifixo, um Cristo, o alter Christus que devemos ser."

E, aqui, peço licença para transcrever um excerto do livro A Divinizacão do Sofrimento, de Adolphe Tanquerey:

            "Felizes as almas que compreendem essa lição e se oferecem também como vítimas ao Amor misericordioso, em união com Aquele que, desde o início de sua vida, ofereceu-se ao Pai como hóstia para substituir todos os sacrifícios da Antiga Lei! Não se trata de buscar sacrifícios extraordinários, mas de dizer, como Jesus: "Eis que venho, ó Pai, para fazer a vossa vontade". A humilde submissão à vontade de Deus nas menores coisas, o cumprimento fiel de nossos deveres de estado, o esforço sempre renovado para agradar a Deus em tudo, a aceitação cordial dos contratempos, dores e humilhações, sem queixas ou desculpas, eis o gládio que imolará a cada dia e a cada instante a nossa vontade e nos transformará em vítimas. Se oferecemos esses sacrifícios em união com Jesus e por suas intenções, eles terão parte no valor e na eficácia de seu próprio sacrifício e contribuirão para santificar-nos e para salvar outras almas."

Das inúmeras virtudes que identifico em São Josemaria, a humildade é a que mais me impressiona. E eu me vi com lágrimas nos olhos quando li esta passagem que transcreverei integralmente pois aqui não tenho limite de caracteres. Trata-se do encontro dele com duas moças, uma delas convertida ao catolicismo depois de conhecer o Opus Dei. Ela fala-lhe sobre uma tertúlia com o Padre que a impressionou profundamente, ao que o Santo responde:

            "Minha filha, a mim não tens o que agradecer. O que aconteceu quando assistias àquela tertúlia foi que Deus te escreveu uma mensagem, uma carta. Quando se escreve uma carta, mete-se dentro de um envelope e envia-se. Ao recebê-la, abre-se o envelope, lê-se a carta e deita-se fora o envelope, porque não serve para nada. Quem escreveu a carta foi Deus Nosso Senhor, e o envelope sou eu. Por isso, dá graças a Deus; e comigo não te preocupes".

Terminei este livro IMPACTADA pela vida deste Santo, desejosa de imitá-la, de fazer-me instrumento de Deus como ele, apesar de mim, de minha pouca fé, de minha falta de virtudes... Sabendo que "o que é néscio, o que não vale nada, o que quase não existe sequer, tudo isso toma o Senhor e o põe ao seu serviço."

"Fiat, adimpleatur!" 

                "Tu és Quem és: a Suma Bondade. Eu sou quem sou: o último trapo sujo deste mundo apodrecido. E, no entanto, olhas para mim, e procuras-me, e amas-me! Senhor: que os meus filhos olhem para Ti, e Te busquem, e Te amem. Senhor: que eu Te busque, e Te veja, e Te ame!

É tudo que Te peço, Senhor.

Waleska Montenegro.


quinta-feira, 11 de novembro de 2021

 

Começa com a alfabetização: "Eu não vou conseguir alfabetizar meu filho!"

Aí, de repente, sem muito sofrimento, a criança começa a juntar BO com LA e a gente respira aliviada.

Depois vem o medo do desconhecido, a sombra da incapacidade pela educação pra lá de precária que recebemos, mas, de repente, a gente começa a compreender a gramática, começa a descobrir um mundo novo que estava escondido de nós pelo analfabetismo, e a "herança" vai sendo transmitida à medida que as duas gerações se salvam.


Há uma força motriz que impulsiona tudo isso, que nos motiva a buscar ser quem sequer imaginávamos, pois nosso horizonte era limitado àquilo que nos foi inoculado há algumas décadas.


Eu sempre fui um número qualquer na sala de aula, transitava ali entre o 45 e o 50. Lembro que o "Wandemberg" sempre vinha depois de mim.


Eu trago pouquíssimas lembranças da escola, pouquíssimas MESMO. E falo disso tanto pelo lado positivo como pelo lado negativo. Minha experiência, ali, foi completamente imparcial para a construção de quem eu sou hoje. Se formos analisar pelos conteúdos e pela fé, então, eu diria que fui lesada e que isto me custa caro até hoje. 


Eu estudei 13 anos em uma escola de padres e não devo ABSOLUTAMENTE nada de minha fé a isto. A única coisa realmente católica que trago desta escola é a minha Primeira Eucaristia. De resto, TUDO que aprendi foi por minha própria iniciativa depois de muito apanhar da vida. Se hoje sou quem eu sou, é por pura misericórdia divina. Não gosto nem de imaginar onde poderia estar pelas escolhas que fiz. 


Eu sei o que é ser apenas um número na chamada, eu sei o que é ter que se encaixar em um padrão seriado, o que é ser avaliada pela capacidade de reter por um dia determinado conteúdo; sei, da mesma forma, o que é ser descartada pela incapacidade de reter estes mesmos conteúdos. Eu sei como meu Gabriel se sentiria em uma escola, sei o quanto isso poderia lhe custar, sei exatamente onde e como ele estaria pelas avaliações de uma psicopedagoga qualquer completamente  impregnada de psicologia experimental.

Eu escolhi não permitir que meu filho seja apenas um número entre o 14 e o 20 nas listas de chamada anuais, eu escolhi não permitir que ele seja segregado por conta de seu temperamento facilmente confundido com um distúrbio fictício que justifica o fracasso das escolas em atender determinadas crianças, eu escolhi, sobretudo, preservar a sua consciência, alicerçar sua fé e chamá-lo pelo nome. 

Waleska Montenegro.

23/05/2021



Mamãe Margarida.

 



Certa vez, em uma das aulas do @proffelipenery, ele falou algo que eu guardei no coração. Era sobre os pais dos Santos, sobre como eles regiam a vida em família e como tudo isso colaborou para a santidade de seus filhos.

Foi depois desta aula que eu comecei a meditar, nas biografias de Santos que já li, justamente nas páginas que traziam estes relatos, crendo que aqueles exemplos seriam a minha inspiração para alcançar uma maternidade mais plena.

Semana passada eu iniciei o primeiro tomo da biografia de São João Bosco. E eis que surge Dona Margarida, fazendo-me envergonhar de minha maternidade...

Diz o livro:

“Por isso, não se incomodava com suas diversões barulhentas; ao contrário, participava ela mesma e lhes sugeria algumas outras; respondia com paciência aos seus insistentes pedidos infantis; e não só os ouvia de boa vontade, mas fazia-os falarem muito para chegar a conhecer todos os pensamentos que se desenvolviam  em suas ternas mentes e todos os afetos que começavam a ocupar o coração deles. E os filhos, apaixonados com tanta bondade, não possuíam segredos para aquela que sabia encontrar mil iniciativas amorosas para cumprir com tanta dignidade a sua tarefa.”

Desde que li esta passagem, meu olhar para eles mudou... Meus ouvidos passaram a se inclinar para seus constantes chamados, atentos às suas inúmeras observações por vezes até repetitivas.

Dona Margarida me tocou profundamente! E espero que os traços de sua memória possam ter riscado meu coração de tal maneira que nas minhas próprias seja possível perceber a sua presença.

#Maternidade #Família #Filhos #Amor #Homeschooling #EducacãoDomiciliar 


Que é o Tempo Presente Perante a Eternidade?

 



Era tarde da noite… Uma inquietação incomum me consumia e me tirava o sono.

Pensava nas criança, na enorme responsabilidade que temos e que cresce mais e mais a cada dia quando paramos para observar o que tem acontecido no mundo ao nosso redor.

Parando para refletir nestes instantes em que o silêncio era tão grande que era possível ouvir meus pensamentos, fiquei ali, tentando compreender o que Deus queria de mim, o que ele segue querendo.

E me vinha apenas uma palavra: Tempo! Ele quer meu tempo! Ele me falava de maneira clara que eu precisava dedicar mais e mais tempo à crianças. Era como um eco repetindo: Vigiai e orai; Vigiai e Orai!

E eu entendi. Ali, na escuridão do quarto, na companhia de uma insônia que não me pertence, Deus me falou… E eu disse SIM!

Hoje eu as acompanhei como uma sombra, com os olhos atentos à terra e com o coração voltado para o céu.

Se o eco da sociedade é “seja feliz”, eu sigo o exemplo dAquele que morreu na cruz por mim, oferecendo tudo que tenho e sou pela salvação dos meus. Que é o tempo presente perante a eternidade??

.

01/08/2021

.

#Maternidade #Família #Filhos #Amor

E Se…

 


Minha luta contra a murmuração é antiga e diária, mas sigo vencendo-a com um silêncio que quase me enlouquece à medida que me cura.


Há algum tempo, dei um grande passo (para mim) neste processo: livrar-me do "Deus me livre!"


Certo dia, em um daqueles dias em que "todas as coisas cooperam para o aumento da irritação da mãe", eu simplesmente despertei. 


Deus me livre para cá, Deus me livre para lá, aplicado às besteiras cotidianas das crianças até que, em determinado momento, eu me perguntei: E se Deus realmente me livrasse?


E se Ele me livrasse das pegadas dos pezinhos deles quando entram em casa sem limpar os pés no tapete?


E se Ele me livrasse da toalha embolada no varal mas não estendida?


E se ele me livrasse das mãos sujas que ficam na toalha depois de lavarem as mãos apenas com água?


E se?...


Eu nem continuei! Parei com lágrimas nos olhos pedindo perdão a Deus e agradecendo por Ele não ter ouvido essa minha ladainha que durou anos!


Hoje eu ainda luto contra a murmuração, mas sigo agradecendo a Deus que me livrou do Deus me livre!

.

09/08/2021

.

#Maternidade #Família #Filhos #Amor

Saudades de Verinha…



“Tô com saudade de Verinha!”

.

No meio da semana, Verinha, a babá deles que está de férias, ligou para eles via FaceTime.

Beatriz terminou a ligação em prantos, com saudades dela.

A semana passou e eu combinei com Verinha para ela vir hoje, sem que Beatriz soubesse.

Hoje, apesar da casa cheia pelas visitas e de toda alegria que trouxeram, Bia acordou chorosa. Quando a vi, perguntei: “O que houve, meu amor?”

E ela prontamente respondeu: “Tô com saudade de Verinha!”

Ela não sabia, mas Verinha já estava aqui em casa e, quando descemos e ela viu a babá, correu ao seu encontro aos prantos e mergulhou em seus braços.

Certa vez ouvi uma mãe falar: eu não quero babá pois não quero que meus filhos falem errado.

Já eu, prefiro corrigir eventuais erros de português mas assistir, emocionada, cenas de amor como esta que divido com vocês.

.

15/08/2021

.

#Maternidade #Família #Filhos #Amor

A Lágrima de Gabriel

 



A Lágrima de Gabriel.

.

Ontem foi um “daqueles dias”!

E, por mais que eu fizesse a parte de sua "memória de curto prazo", situando meu sanguíneo na realidade, uma hora eu tive que fazer a voz de sua consciência, como o Grilo de Pinóquio.

Em determinado momento, lá pela milésima vez que chamei sua atenção, ele me diz:

"Mãe, vou ao banheiro rapidinho."

Eu não sei aí, mas aqui o banheiro funciona como o guarda-roupa de nárnia, só que ao contrário: para quem está dentro, o tempo parece não passar.

Eu, concentrada nas tarefas com Beatriz que ontem fazia ditado, só dei por falta dele sei lá quanto tempo depois. Ele estava lá, agarrado a algum livro de animal, enquanto a tarefa jazia na mesa.

Quando ele saiu, eu falei muito séria com ele, inclusive proibindo de ir para "nárnia" com livros na mão no horário de estudo.

Ele voltou à tarefa e a terminou chorando, sem levantar a cabeça uma só vez e fazer uma só pergunta.

Para os moderninhos da educação libertária isso é um absurdo; para mim isso é moldar sua vontade!

Cenas como esta são corriqueiras por aqui. Com exceção de Beatriz, os outros PRECISAM ser REBOCADOS e isso EXIGE de nós muito esforço. 

Portanto, nossa luta não é por transformar as aulas em um espetáculo circense que suplica por platéia pois já temos bem claro o que esse tipo de educação promove; nossa luta é por mostrar para eles que o sabor da vitória (sobretudo sobre si mesmo) é salgado pois é fruto de suor e lágrimas.

.

15/06/2021

.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Mulherzinhas e suas lições.


Desde que comecei a investir na literatura, tenho percebido como podemos encontrar, nela, respostas para nossos dramas. Este diálogo do livro Mulherzinhas me tocou profundamente, pois descreve a luta que travo contra meu temperamento há algumas décadas. No texto, Jo conversa com a sra. March, sua mãe, sobre um episódio com sua irmã caçula onde esta quase morreu sem que Jo a perdoasse por algo que ela lhe fizera. Deixo o diálogo para vocês, colegas coléricas, que, como eu, seguem acumulando tentativa, frustração, arrependimento e remorso ao longo dos anos de luta. Mudar é possível, mas como brilhantemente escreveu a autora neste diálogo, "todos temos nossas tentações, algumas muito piores que as suas, e muitas vezes leva-se toda uma vida para vencê-las. Deixo, abaixo, o diálogo mais lindo que já li neste livro até o momento:


"- Tem certeza de que ela está bem? - sussurrou Jo olhando com remorso para a cabecinha dourada, que podia ter desaparecido para sempre de sua vista sob o gelo traiçoeiro. 

- Muito bem, querida. Ela não se feriu, nem vai ficar resfriada, acho, porque vocês foram rápidos e eficientes trazendo-a toda coberta para casa respondeu a mãe, carinhosa. 

- Laurie fez tudo, eu não cuidei dela. Mãe, se ela tivesse morrido, a culpa teria sido minha - e Jo deixou-se cair ao lado da cama, derramando lágrimas de arrependimento, contando tudo o que acontecera, condenando amargamente sua dureza de coração e agradecendo em meio a soluços por ter sido poupada do grave castigo que podia ter caído sobre ela. É esse meu temperamento horrível! Tento me livrar dele. Quando penso que consegui, ele volta à tona pior que antes. Oh, mamãe, o que posso fazer? O que posso fazer?  - gritou a pobre Jo, desesperada.

- Vigiar e orar, querida. Nunca se fartar de tentar, e nunca achar que é impossível vencer seus defeitos - disse a sra. March, puxando a cabeça desgrenhada até seu ombro e beijando o rosto molhado tão ternamente que Jo chorou mais forte ainda. 

- Você não sabe nem imagina como isso é ruim! Parece que eu seria capaz de fazer qualquer coisa quando estou com raiva. Fico tão selvagem, posso ferir qualquer pessoa e gostar disso. Tenho medo de realmente fazer alguma coisa horrível algum dia e estragar minha vida, e fazer todos me odiarem. Oh, mãe, ajude-me, por favor!

- Eu ajudo, minha filha, ajudo sim. Não chore tanto, mas não esqueça do dia de hoje, e decida, de todo coração, que você nunca terá outro igual a este. Jo, querida, todos temos nossas tentações, algumas muito piores que as suas, e muitas vezes leva-se toda uma vida para vencê-las. Você acha que seu temperamento é o pior do mundo, mas o meu costumava ser igualzinho.

- O seu, mãe? Como, se você nunca fica com raiva? - e, por um instante, Jo trocou o remorso pela surpresa.


- Venho tentando vencê-lo há quarenta anos e apenas consegui controlá-lo um pouco. Tenho raiva quase todo dia, Jo, mas aprendi a não mostrá-la. E ainda espero aprender a não senti-la, mesmo que precise de outros quarenta anos para conseguir isso. 

A paciência e a humildade do rosto que ela tanto amava eram para Jo uma lição melhor do que o mais sério sermão ou a mais aguda censura. Sentiu-se confortada na hora pela compaixão e pela confiança dadas a ela. Saber que sua mãe tinha um defeito igual ao seu, e que tentava corrigi-lo, tornava o seu próprio mais fácil de suportar, e fortalecia sua resolução de curar-se dele, embora quarenta anos, para uma menina de quinze, parecessem tempo demais para vigiar e orar. 

- Mãe, quando a Tia March reclama, ou outras pessoas a incomodam, você sai da sala apertando os lábios. É por que está com raiva? perguntou Jo, sentindo-se mais próxima e mais querida da mãe do que nunca. 

- Sim, aprendi a segurar as palavras duras que brotam nos meus lábios. E, quando sinto que elas vão conseguir sair contra minha vontade, eu simplesmente me afasto por um minuto, e brigo comigo mesma por ser tão fraca e má – respondeu a sra. March, com um suspiro e um sorriso, enquanto alisava e ajeitava os cabelos despenteados de Jo. 

- Como aprendeu a ficar calma? Este é o meu problema, porque as palavras duras voam para fora antes que eu entenda o que está acontecendo. E, quanto mais falo, pior eu fico, pois acabo gostando de ferir sentimentos das pessoas e de dizer coisas horríveis. Diga-me como fazer isso, mamãe. 

- Minha boa mãe costumava me ajudar... 

- Como você faz conosco - interrompeu Jo, com um beijo agradecido.

- Mas eu a perdi quando era um pouco maior que você, e durante anos tive de lutar sozinha, porque era orgulhosa demais para confessar minha fraqueza a qualquer outra pessoa. Foi difícil, Jo, e chorei muitas lágrimas amargas por causa de meus fracassos. Apesar dos meus esforços, eu parecia jamais conseguir. Então seu pai apareceu, e fiquei tão feliz que achei fácil ser uma boa pessoa. Pouco a pouco, porém, quando tive quatro filhinhas a minha volta e ficamos pobres, o velho problema começou novamente. Pois não sou paciente por natureza, e aborrecia-me muito não poder dar às minhas filhas o que elas queriam. 

- Pobre mamãe! O que a ajudou então? 

- Seu pai, Jo. Ele nunca perde a paciência, nunca duvida nem se queixa, mas sempre tem tanta esperança, disposição e fé, que se fica com vergonha de agir de outro modo na frente dele. Ele me ajudou e me consolou, e me mostrou que eu devia tentar exercer todas as virtudes que desejava encontrar nas minhas filhas, para lhes servir de exemplo. Era mais fácil tentar por causa de vocês do que por minha própria causa. Um olhar assustado ou surpreso de uma de vocês, quando eu falava em tom áspero, repreendia-me mais do que qualquer palavra. E o amor, o respeito e a confiança de minhas filhas eram a mais doce recompensa que eu podia receber pelos meus esforços para ser mulher que elas gostariam de imitar. 

- Oh, mamãe! Se eu fosse só metade tão boa quanto você já ficaria satisfeita - exclamou Jo, comovida. 

- Espero que você seja muito melhor, querida. Mas é preciso manter vigilância sobre o seu "inimigo íntimo", como diz papai, senão ele vai entristecer sua vida ou até mesmo estragá-la. Você teve um aviso, lembre-se dele, e tente com todo o coração controlar esse temperamento explosivo, antes que ele lhe traga dores e pesares maiores do que teve hoje. 

- Vou tentar, mamãe, de verdade. Mas você precisa me ajudar, me lembrar, e evitar que eu estoure. Lembro-me de ver papai às vezes levar um dedo aos lábios e olhar para você de um modo sério mas gentil. E você sempre apertava os lábios ou saía. Ele estava lhe lembrando? - perguntou Jo. 

- Sim. eu pedi a ele que me ajudasse, e ele nunca esqueceu. Aquele pequeno gesto e aquele olhar gentil me salvaram de muitas palavras ásperas. 

Jo viu que os olhos de sua mãe se molharam, e que seus lábios tremiam enquanto falava. Temendo que tivesse falado demais, ela sussurrou, ansiosa: 

- Fiz mal em observar você e falar sobre isso? Eu não queria ser rude, mas é tão bom poder dizer tudo o que penso me sentir tāo segura e feliz aqui.

- Minha Jo, você pode dizer qualquer coisa à mãe, pois minha maior alegria e orgulho é sentir que minhas meninas confiam em mim e sabem o quanto eu as amo. 

- Achei tivesse magoado você. 

- Não, querida. Mas falar de seu pai me faz lembrar o quanto sinto a falta dele, o quanto devo a ele e o quanto preciso vigiar e trabalhar para manter suas filhas sās e salvas para ele. 

- Contudo, mesmo assim você disse a ele para partir, mamãe, e nem chorou quando ele se foi. E também não se queixa agora, nem demonstra precisar de qualquer ajuda - disse Jo, intrigada. 

- Dei o melhor de mim ao país que amo e guardei minhas lágrimas até ele partir. Por que deveria me queixar, se ambos fizemos apenas o nosso dever e, quando tudo acabar, seremos ainda mais felizes? Se pareço não precisar de ajuda, é porque tenho um amigo melhor, melhor até que seu pai, para me consolar e me sustentar. Minha querida, os problemas e as tentações de sua vida estão começando, e podem ser muitos. Mas você pode superá-los sobreviver a eles, se aprender sentir a força e a ternura de seu Pai celestial, tal como sente a do seu pai terreno. Quanto mais você O amar e confiar n'Ele, mais perto se sentirá d'Ele, e dependerá menos do poder e da sabedoria dos homens. O amor e o zelo d'Ele nunca se esgotam nem mudam, nunca podem ser tirados de você, mas podem tornar-se a fonte de paz, de felicidade e de força para toda a vida. Creia nisso sinceramente e dirija-se a Deus com todas as suas preocupações, esperanças, pecados e arrependimentos, com mesma liberdade e confiança com que você se dirige à sua mãe. A única resposta de Jo foi abraçar a mãe com mais força e, no silêncio que se seguiu, a oração mais sincera que ela jamais orou salu de seu coração, sem palavras. Pois naquela hora triste, mas também feliz, ela aprendera não somente a amargura do remorso e do desespero mas também a doçura da penitência e do auto- controle. E levada pelas mãos da mãe ela se aproximara mais do Amigo que acolhe toda criança com um amor mais forte que o de qualquer pai, mais terno que o de qualquer mãe. Amy se mexeu e suspirou enquanto dormia. Como se estivesse ansiosa para corrigir sua falta, Jo olhou para a irmã com uma expressão em seu rosto que nunca se estampara nele antes. 

- Deixei o sol se pôr sobre minha ira. Eu não ia perdoá-la, e hoje, não fosse por Laurie, teria sido tarde demais! Como pude ser tão cruel? - disse Jo, a meia voz, enquanto se inclinava sobre a irmā, tocando de leve o cabelo úmido estirado sobre o travesseiro. 

Como se tivesse ouvido, Amy abriu os olhos e estendeu os braços, com um sorriso que atingiu o coração de Jo. Nenhuma delas disse palavra, mas abraçaram-se com força, apesar das cobertas, e tudo foi esquecido e perdoado com um beijo sincero."

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Alfabetização Bia.

Vou tentar, neste post, fazer algumas breves considerações sobre o processo de alfabetização de Beatriz. Não tenho pretensão de fazer disso um roteiro, mas se servir para aquelas mães que me escrevem sem sequer um Norte, já me dou por feliz.

Aqui escolhemos alfabetizá-la pelo método fônico, o mesmo que utilizamos com Sophia e Gabriel. Nós compramos apenas o curso de pré-alfabetização do Carlos Nadalim e seguimos sem maiores dificuldades o processo de alfabetização elaborando nossos próprios materiais de maneira até bem simples.

Para quem não comprou o curso de pré-alfabetização do Carlos Nadalim, vou deixar como sugestão este livro: Consciência Fonológica em Crianças Pequenas (Compre AQUI) que traz uma série de atividades para treino de habilidades fundamentais no processo de alfabetização. 


O livro traz muitas brincadeiras para a introdução de vários conceitos e habilidades essenciais ao processo de alfabetização, como Jogos de Rimas, Consciência Silábica, Noções de Palavra e Frase... Vale MUITO a pena!

Para quem se preocupa com a questão dos sons das letras, há muitas possibilidades: você pode colocar no YouTube ou comprar o material da Maya (Perfil do Instagram AQUI) que ela fez justamente com este propósito. 

Depois de ensinados os sons comecei a associá-los às letras, começando apenas com as vogais. Com essa etapa vencida, ela já começou a ler encontros vocálicos.

Concluída a etapa das vogais, parti para a associação dos sons às respectivas consoantes, com bastante treino do princípio alfabético.

Quando ela já estava sabendo todas as letras e de seus respectivos sons, comecei a treinar com ela a formação das sílabas, mas comecei colocando palavras no estilo CVV (PAI) ou VCV (OVO) para ela ler. Em seguida, fomos treinando todas as sílabas simples, com a leitura delas e de pequenas palavras formadas apenas por estas sílabas simples, como BOLA, PATO...

Para quem deseja uma cartilha para melhor definir essa seqüência, aqui em casa eu tenho duas: A Casinha Feliz (Compre AQUI) e Alfabetização Fônica do Capovilla (Compre AQUI e AQUI)






Além destas cartilhas, temos ainda os dois livros/cds que o Professor Carlos Nadalim lançou com lindas canções que ajudam MUITO neste lindo processo: Linha, Agulha, Costura: Canção, Brincadeira e Leitura e o Maravilhamento. Comprei os dois pela internet (Compre AQUI). As canções são lindas e as crianças aprendem os sons brincando!



Com Beatriz eu tenho utilizado o livro Ou Isto Ou Aquilo (Compre AQUI) para elaborar as atividades de alfabetização. Estas atividades elaboro contemplando outras habilidades, como memorização, traçado, percepção visual, entre outras.



Estou iniciando com ela a leitura de frases e, para isso, estou trabalhando muito bem conceitos como letra, sílaba e palavra até enfim chegarmos propriamente às frases.

Para leitura de palavras, gosto muito dos livros A Festa das Letras (Compre AQUI), O Batalhão das Letras (Compre AQUI) e o Palavras, Muitas Palavras (Compre AQUI). São livros que exploram justamente essa fase de início de leitura, ajudando na fluência e na aquisição de vocabulário. Todos eles trabalham com rimas.






Ainda há muita coisa por fazer, como trabalhar dígrafos e algumas dificuldades ortográficas mais específicas, mas ainda temos bastante tempo para isso. Assim que eu for evoluindo, vou postando lá no Instagram as nossas aulas. Quem sabe ajuda alguém aí?!

Fiquem Deus.

Waleska Montenegro.









domingo, 1 de setembro de 2019

Homeschooling Católico - Resenha a Quatro Mãos


 A vida sempre irá nos apresentar escolhas mas, no nosso caso, estas escolhas mudaram completamente com a chegada dos nossos filhos.


 Alheios e contrários a todos que nos cercam, nossas escolhas para a educação deles começaram a ter um direcionamento quando decidimos que só depois dos seis anos é que iriam para a escola. Mas a providência divina foi nos conduzindo, e, de repente, tudo foi se esclarecendo e tomando rumo.


 À medida que fomos pesquisando sobre os processos educacionais e os métodos pedagógicos aplicados nas escolas convencionais, percebemos que aquele modelo não nos satisfazia pois, para além da formação acadêmica e intelectual, o aspecto que mais nos preocupava era a formação moral e religiosa. Com efeito, o ser humano é um todo indivisível e, portanto, a questão da educação não pode ser reduzida a um mero desenvolvimento das potências do intelecto, mas na formação integral da pessoa humana. Assim, quanto mais se fortalecia esta convicção nos nossos corações, mais distante ficava a possibilidade de colocarmos os nossos filhos nas escolas. A coisa ficou ainda mais difícil na medida em que fomos tomando conhecimento acerca de todo o aparelhamento ideológico que vem sendo implantado nas escolas - não só nas públicas mas também nas privadas - ao longo das últimas décadas, por meio do qual são aplicadas técnicas de indução de comportamento que visam à formação de um "novo homem", dotado de uma cosmovisão materialista e anti-cristã, hostil a tudo que possa representar algo da civilização ocidental. O Papa Bento XVI, num discurso proferido no Bundestag - Parlamento Alemão -, em 22/09/2011, alertou para o perigo que corre a nossa civilização. Nas palavras do Santo Padre,


               "A cultura da Europa nasceu do encontro entre Jerusalém, Atenas e Roma; do encontro entre a fé no Deus de Israel, a razão filosófica dos Gregos e o pensamento jurídico de Roma. Este tríplice encontro forma a identidade íntima da Europa. Na consciência da responsabilidade do homem diante de Deus e no reconhecimento da dignidade inviolável do homem, de cada homem, este encontro fixou critérios do direito, cuja defesa é nossa tarefa neste momento histórico."


 No fundo é isto que está em jogo, a saber, a tentativa de substituição de todo o legado cristão por uma cultura permeada por uma espécie de humanismo secular, desprovida de todo e qualquer germe de transcendência, que, ao inocular o seu pérfido veneno no fundo da consciência humana, promove o homem a artífice de si mesmo, princípio e fim de todas as coisas.


 Portanto, para nós, a decisão pelo Homeschooling nasce do sentimento, mais ainda, da convicção da necessidade de preservar a consciência dos nossos filhos dos ataques sistemáticos que eles sofreriam de forma brutal e covarde ao ingressarem no ambiente "laico" escolar. E assim aconteceu. Mergulhamos nos livros, fizemos cursos, pedimos ajuda, encontramos novos amigos - que não se cansam de nos socorrer -, e a coisa aconteceu; e um dos tesouros que caiu em nossas mãos foi o livro da Dra. Mary Kay Clark, Homeschooling Católico - Um guia para pais. O livro faz o caminho completo, apresentando o que é o Homeschooling Católico, o porquê de escolhê-lo e, finalmente, como fazê-lo. Conselhos riquíssimos não só para quem está iniciando neste caminho, mas inclusive para aqueles que já possuem suas certezas. De pronto, percebe-se que, mais que um simples guia ou manual prático para o desenvolvimento do Homeschooling, a obra nos inspira e nos conduz a uma profunda reflexão sobre a nossa fé. De fato, como bem assegura a autora, o Homeschooling é um estilo de vida, assim como também deve sê-lo a vivência da nossa fé católica. À medida que avançamos no conteúdo da obra, somos impulsionados a um vivência de fé mais profunda, de dimensão ontológica, que senta as suas raízes na genuína tradição e no grandioso magistério da Igreja.

 Aqueles que pretendem saber acerca da eficiência acadêmica do Homeschooling verão, já no prefácio do livro, de forma clara e didática, pelo menos oito motivos básicos que justificam a sua prática. O capítulo 3 apresenta uma compilação dos principais ensinamentos da Igreja sobre matrimônio e educação. Aqui o leitor terá clara noção da riqueza e profundidade de tais ensinamentos e verá que é no sacramento do matrimônio, cujo fim primário é a procriação e educação da prole, que se assenta, enquanto vocação primordial dos cônjuges, o direito-dever dos pais de educar aqueles que geraram. O Cânon 1136, do Código de Direito Canônico de 1983, declara que:


                "Os pais têm o dever gravíssimo e o direito primário de, na medida das suas forças, darem aos filhos educação tanto física, social, e cultural, como moral e religiosa."


 A autora também trata da importância da vivência de uma autêntica fé católica que ela chama de ​vida sacramental, e de como a recepção dos sacramentos instituídos por Cristo interfere no quotidiano da família homeschooler. Além da abordagem das questões afetas à fé católica, a obra discorre vastamente sobre os mais diversos temas relacionados ao dia a dia de quem vive o homeschooling, com abordagens que vão desde a disciplina na família e a administração doméstica, até problemas mais complexos como nos casos de famílias com pais ou mães ausentes e de crianças com necessidades especiais. Em relação à questão da socialização, tema recorrentemente abordado pelos recém chegados ao universo do Homeschooling, a abordagem da autora é simplesmente devastadora, fazendo com que, qualquer pessoa com o mínimo de discernimento moral e senso de proporções, sepulte, de uma vez por todas, qualquer sombra de dúvidas em relação a este suposto problema.
Ao fim e ao cabo, como bem dito acima, a força que nos move é o dever de proteção daqueles que geramos. A defesa que este livro faz sobre isso nos inspira e nos fortalece, a fim de que permaneçamos firmes neste propósito, exaltando os papéis de cada um nesse processo difícil, porém de suma importância, tão importante que o próprio “Santo Tomás não hesita em compará-lo ao ministério dos sacerdotes.”

 Homeschooling Católico é leitura fundamental para aqueles católicos que desejam exercer o direito-dever de educar os próprios filhos. É uma porta de entrada a um estilo de vida que está para muito além de uma formação intelectual, que nos impele a vencer os nossos dragões na aridez do nosso cotidiano, e que, apesar de todas as nossas limitações e fragilidades, nos reserva a esperança viva da salvação das nossas almas.

Aluísio e Waleska.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

A "Pedagogia" de Paulinho



SEMPRE (e sempre é uma freqüência considerável) que faço alguma crítica à "pedagogia" crítica (que não pode ser criticada) do futuro ex patrono da educação (se Deus quiser), alguma fanática do "bom" velhinho vem encher a paciência com a repetição à la "disco arranhado" da mesma ladainha que não diz nada com coisa alguma, como bem ensina o ilustre doutrinador.

Do pouco que li sobre este embuste, nada me foi mais esclarecedor que o artigo do Dom Lourenço de Almeida Prado, no livro Educação Para a Democracia, onde ele descasca, sem pena, o velho marxista. Ele desmascara, descortina e, por fim, situa o doutrinador disfarçado de pedagogo em seu devido lugar. 

Essa cegueira em acreditar e defender a "Pedagogia Libertadora e Crítica" deste sujeito nada mais é que o resultado de anos e anos de universidades sendo sufocadas por esta doutrinação sem a menor chance de diálogo, isto é, de uma hegemonia que só mostra o lado "maravilhoso" deste "marxismo pedagógico" que há anos forma professores nesta mesma linha. O "sucesso" desta "pedagogia" é visível: basta consultar os "maravilhosos" índices de educação do nosso país. Como bem descreve Dom Lourenço:
"Não chame , porém, a isso de educação, porque não é. Menos ainda a chame de educação libertadora, porque na verdade o processo é de escravidão. Estranho é que haja colégios, e - mirabile dictu - até colégio católico, propondo-se tal educação libertadora. Estranho porque a liberdade, que é objetivo de qualquer educação digna desse nome, é a liberdade semelhante à luz que ilumina o caminho e que nos liberta dos buracos e tropeços. Não é a ilusória liberdade de tropeçar na pedra por caminhar no escuro ou na cegueira. É a Verdade que liberta: são os automatismos gerados pela repetição conscientizante que tolhem a liberdade." 
Não sendo suficiente o fracasso que é o modelo em si no campo do aprendizado, ainda há a maculação das consciências, sequestradas e modeladas para defender os absurdos socialistas sem sequer se dar conta disso. Neste sentido, nada melhor que o livro Maquiavel Pedagogo para falar sobre as técnicas de manipulação psicológicas utilizadas para este fim, livro que, aliás, deveria ser lido por TODO pai e mãe. Sobre este assunto, Dom Lourenço fala mais adiante:
"Nesse sentido, a "pedagogia" de Paulo Freire não pode ser recebida como pedagogia. Tem que ser denunciada. Precisamos dar-lhe o nome verdadeiro: não é educação, é campanha política, é proselitismo marxista. A cobertura com o nome de alfabetização é poeira que se quer lançar em nossos olhos, para perturbar, para que não tenhamos a coragem de combatê-la, com o receio de sermos tidos como reacionários, parecendo impor restrições ao direito de educação. A democracia não deve temer a luta desigual, sem reciprocidade; não pode, porém, permitir-se a ingenuidade de não denunciar as manobras dos lobos vestidos de ovelhas." [...]
"Paulo Freire não é um pedagogo. (...) Paulo Freire instrumentaliza a educação ou, menos que isso, se serve da cobertura do nome educação para mover a insatisfação das massas em favor de uma revolução marxista. Se o marxismo é falso ou verdadeiro, se é capaz de corrigir as injustiças que geram a insatisfação, é outra conversa. No momento, queremos apenas afirmar que o processo de Paulo Freire é uma manipulação da educação para conscientizar o povo, para fazê-lo repetir, sem pensar, sem escolha livre e lúcida, o que pensa o líder político."
Sobre esta doutrinação disfarçada de pedagogia e todas as conseqüências da nefasta adoção dela na educação, fala muito bem Thomas Giulliano em seu ensaio para o livro Desconstruindo Paulo Freire entitulado "Paulo Freire: o patrono do pau oco". A construção de seu pensamento é esclarecedora! Além da crítica, ele também destaca diversas citações de autores que devemos anotar e ler. Quem tiver um mínimo compromisso com a Verdade, terminará este artigo pelo menos com uma pulga atrás da orelha.

Mas como muita gente não acredita no viés doutrinador e ideológico do ensino do velhinho, sugiro que leia um artigo que ele próprio escreveu para o livro A Educação Como Ato Político Partidário, onde ele diz:
"É tão impossível negar a natureza política do processo educativo quanto negar o caráter educativo do ato político. Isto não significa, porém, que a natureza política do processo educativo e que o caráter educativo do ato político esgotem a compreensão daquele processo e deste ato. Isto significa ser impossível, de um lado, uma educação neutra, que se diga a serviço da humanidade, dos seres humanos em geral; de outro, uma prática política esvaziada de significação educativa. É neste sentido que todo partido político é sempre educador, e, como tal, sua proposta política vai ganhando carne ou não na relação entre os atos de denunciar e anunciar."  
Paulo Freire PRECISA ser desmascarado e sua hegemonia destruída. Neste sentido já vemos surgir algumas vozes, como estes autores que já citei acima, entre outros, que já ajudaram a combater tanto engano e hipocrisia que já se perpetua há décadas.

Para quem tem estômago e tempo de ler a porcaria que é a própria obra do marxista pedagogo e, mais, se conseguir vencer a leitura de seus livros, que não dizem nada com coisa alguma sempre de maneira linda e parecendo intelectual, leiam o próprio e vejam que terminarão o livro sem sequer saber do que ele fala e, se souberem um pouquinho apenas de lógica, ainda perceberão que seus maiores destaques contrariam os mais elementares silogismos.

Por aqui este "modelo" só nos serve como inspiração para fazer o total oposto, buscando uma educação dirigida por, pela e para a Verdade. Torcemos para que mais pessoas se libertem desta cegueira e que este cidadão tenha o merecido esquecimento e ostracismo que sua obra merece. Façamos cada um a sua parte. Esta aqui é mais um pouco da minha!

Waleska Montenegro.



Livros e artigos lidos e/ou citados:

Desconstruindo Paulo Freire -  Thomas Giulliano (Organizador)

Educação Para a Democracia - Dom Lourenço de Almeida Prado

Maquiavel Pedagogo - Pascal Bernardin

A Educação Como Ato Político Partidário - Vários Autores






Vídeos:








sábado, 26 de janeiro de 2019

Por que Escolhemos Educar Nossos Filhos em Casa?




Há inúmeras razões para se escolher este caminho, e todas elas passam pelo desejo de dar o melhor a um filho. Conosco não foi diferente, mas hoje enxergamos esta missão com outros olhos e vou explicar aqui por que a visão mudou.

O tempo é bom mestre e conselheiro e, sabendo bem onde mergulhar, temos ao nosso alcance inúmeras oportunidades de crescimento. Ler e estudar sobre educação me trouxe uma certa bagagem, mas foi a FÉ quem me direcionou em outro sentido.

Aos poucos fomos melhorando as respostas às perguntas ora curiosas, ora inquisitivas. A socialização está sempre no primeiro lugar, mas desde que li este trecho no livro Homeschooling Católico, sigo repetindo-o sem negar à autora a brilhante definição:

"O termo "socialização" foi inventado pelos educadores porque já não conseguem "vender" as escolas por sua finalidade educacional, sendo necessário inventar outro motivo para elas existirem."

Sim, hoje me parece absurdo alguém acreditar em uma falácia como esta, uma falácia que arrebanha crianças cada dia mais novas para esse modelo completamente vazio de educação.
Acreditar que é apenas na escola que a criança se socializa é ignorar a existência de um mundo que gira fora dela, um mundo muito mais interessante, diga-se de passagem.

Alguns convívios DEVEM ser evitados, ainda que com crianças. Logo dirão: "Ah, mas a criança deve conviver com a diversidade!" As incontáveis diversidades que maculam e corrompem, que antecipam conteúdos, que direcionam para onde não devem.

Recentemente uma pessoa me questionou no Instagram sobre esta minha "segregação" e, misturando café com abacaxi, citou que Jesus não escolhia quem ficaria ao lado dele. Sabe, eu corro igual maratonista de gente que, para justificar sua discordância, cita a Bíblia de maneira completamente fora de seu contexto. Se for usar esta lógica, devo submeter meus filhos ao convívio de ladrões e prostitutas?

A verdade é que, hoje, eu tenho uma completa noção do que é uma escola, do que ela ensina e como o pouco que ensina ainda ensina de maneira errada. Temos muita porcaria misturada àquilo que realmente deveria ser ensinado. Com os indicadores educacionais públicos que não me deixam mentir, a escola hoje é o PIOR investimento que os pais podem fazer na vida de um filho! Mas, para mim, sair dela sem ler e escrever não é o pior mal. Sair com suas consciências corrompidas, para mim, é o mais grave de tudo, sobretudo porque não é a porcaria da escola que vai prestar contas destas crianças a Deus, mas seus pais.

Hoje, ainda que o ensino neste país se tornasse referência mundial em educação, seguiríamos com nossa boa e velha rotina, porque hoje eu entendo que a educação da prole é um DEVER de nós, pais.

"Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm a GRAVÍSSIMA OBRIGAÇÃO de educar a prole e, por isso, devem ser RECONHECIDOS como seus primeiros e principais educadores."

Declaração GRAVISSIMUM EDUCATIONIS sobre a educação

Hoje eu já compreendo com uma percepção bem refinada algumas críticas. Não é a crítica pelo receio do que esta escolha pode fazer à criança, porque elas sempre chegam revestidas de uma preocupação falsa, que não esconde o mal que realmente está por trás dela. Quando isso vem de uma turminha formada em pedagogia em uma universidade federal, você até compreende... Mas quando parte de um "braço" da igreja, você tem certeza de que o chifrudo não está de brincadeira no serviço.

Por isso, sigo aqui com o que é velho, até mesmo com as antigas canções... Porque as novas... Acho que os entendedores entenderão.

Waleska Montenegro.











segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Calendário do Advento 2018

Eu não estava pensando em preparar o Calendário do Advento este ano, mas acabei mudando de idéia em cima da hora e estou aqui ainda correndo separando atividades para eles.

Este ano não preparei uma apostila como fiz no ano passado, apenas estou selecionando algumas coisas que colocarei no Drive para quem tiver interesse de ainda fazer.

Para o próprio calendário, que aqui eu uso ca contagem regressiva, peguei um "Countdown To Christmas" gratuito dos inúmeros que encontrei. Escolhi este, em particular, por possuir apenas os "personagens" do presépio, já que tentei ao máximo deixar o Papai Noel em um plano beeem secundário.

Atrás que cada cartão eu colei um Post It com a leitura e a atividade, pendurando-os em um pequeno varal que montei para este fim. Coloquei uma iluminação, a cestinha com os livros e um presépio e ficou assim, como vemos na foto.




Este ano eu dei preferência às leituras, orações e ao nosso convívio como família. Coloquei poucas atividades e dei preferência àquelas relacionadas àquilo que separamos para ler ou fazer no dia.

Para este ano, separei leituras mais longas para Sophia e Gabriel como a própria história de São Nicolau que lemos logo no primeiro dia e que foi retirada do livro Legenda Áurea. Além desta história, separei para os maiores ainda:

 - A Vida de Nosso Senhor, de Charles Dickens;
 - Contemplar o Natal, de Francisco Faus;
 - A Menina dos Fósforos, do Livro da Virtudes I;
 - O Soldadinho de Chumbo, do Livro das Virtudes I;
 - São Nicolau e as Barras de Ouro, do Livro das Virtudes I;
 - A Lenda do Menino Jesus, do Livro das Virtudes II
 - Cartas do Papai Noel, de Tolkien;

Para Beatriz, separei muitos livrinhos que li com os maiores no Advento do ano passado e acrescentei mais um ou outro que comprei para ser novidade já que os maiores também gostam de ouvir a leitura dos livros que separei para ela mesmo já tendo ouvido um milhão de vezes.
Vou deixar listado aqui os que separei para este ano:

 - Naquela Noite de Natal, de Tim Dowley;
 - A Estrela de Natal, de Marcus Pfister;
 - O Expresso Polar, de Chris Van Allsburg;
 - A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen;
 - O Maior dos Presentes - A História do Outro Rei MAgo, de Susan Summers;
 - O Pinheirinho de Natal, de Hans Christian Andersen;
 - O Nascimento de Jesus ( Temos três livros com este mesmo título, das editoras DCL, Bicho Esperto e Ciranda Cultural);
 - A Véspera de Natal, de Clement Clarke Moore;
 - Uma Noite Sem Igual, da Ana Maria Machado;
 - O Natal do Carteiro, de Janet & Allan Ahlberg.

Para atividades, separei uma imagem da Coroa do Advento para irmos pintando as velas a cada Domingo, uma visita ao Presépio dos Arautos do Evangelho em Recife, confeccionar e colocar nos correios os cartões de natal, preparar a carta do Papai Noel, alguns filmes para assistir ( O Natal de Ângela, Milagres no Paraíso, A Estrela de Belém), ver vídeos de corais de natal, preparar enfeites para a árvore, nossa Novena de Natal... E por aí vai!

Além destas, eles ainda trabalharão as orações em Latim com o pai, memorizando o Adeste Fidelis. 

Enfim, dei mais prioridade ao nosso convívio e a uma maior preparação espiritual para o tão esperado dia.

Espero que ajude!

Fiquem com Deus e um bom Advento para todos nós!

Waleska Montenegro.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Meu Menino Sanguíneo




É bem verdade que cada filho vem com a tarefa de nos aperfeiçoar em determinada área, nos fazendo melhores a cada dia. Por aqui isso não é diferente, mas hoje eu quero falar de um deles em particular, porque ele diariamente testa todos os nossos limites.

Sempre que escrevo sobre ele, recebo um monte de mensagens de outras mães com filhos também sanguíneos. E se por um lado me escrevem relatando as infinitas frustrações que experimentam por falharem com eles nesse constante testar de limites, por outro são unânimes em descrever a sensibilidade e o coração destes anjos.

Gabriel é 200% sanguíneo, se é que me entendem... Inquieto, hiperativo, esquecido, distraído, cheio de tiques e manias, fala muito, alto e rápido, bate em tudo e derruba quase tudo também, é inconveniente, resistente, teimoso, preguiçoso, reclamão ao menor sinal de desconforto, finge necessidades quando senta para estudar... Enfim, sempre que eu sento para ler sobre crianças sanguíneas em algum livro sobre temperamentos, ele se encaixa em todas as descrições.

Já li alguns livros sobre o assunto e sigo procurando alternativas de melhor convívio para direcioná-lo nestas suas características que tanto exigem de mim e que, se não forem corrigidas ou controladas, poderão lhe trazer alguns inconvenientes, alguns problemas...

Trago Gabriel sempre na rédea curta, bastante atenta às pessoas que o cercam e sempre de olho nas suas características que tendem a vícios. Já percebi que ele funciona na base do empurrão, mas se por um lado estou sempre fazendo-o dar um passo, no outro preciso compensar a mão para não estimular-lhe a sua já característica preguiça. Nosso convívio é como tentar equilibrar os pratos de uma balança, sempre dosando para nem frustrar pelas exigências acima de suas capacidades nem deixá-lo trabalhando justamente em sua zoninha de conforto, porque se assim for, ele cria raízes nela.

É uma vitória a cada dia! Uma vitória onde eu, além de ter que guiá-lo neste processo, preciso aprender também a conviver com todas as limitações do meu temperamento 200% colérica. Hoje eu tenho certo que a "vitória" sobre Gabriel virá quando eu conseguir primeiro me vencer, me dominar, ser justamente o espelho que ele necessita. A  calma que não tinha, mas que continuo perseguindo com ousadia, hoje já dá sinais de existência no convívio pacífico com alguns comportamentos dele que antes tanto me irritavam. Hoje eu o compreendo não apenas movida pelo amor, mas também pelo conhecimento, sabendo que muitas vezes fui injusta com ele achando que estava me faltando com respeito quando, na verdade, estava apenas sendo ele.

Gabriel é meu anjo, é minha luz... E hoje eu sei claramente o que ele veio trazer à minha vida, o que Deus quer mudar em mim através deste menino de coração tão generoso, sensível e BOM. Gabriel é esse turbilhão que nos testa todos os limites e que nos coloca no eixo com suas declarações e colocações tão profundas e verdadeiras. Ele é lindo por fora, perfeito em seus traços, mas seu coração é o que ele tem de mais belo.

Sanguíneos são assim: esse constante bate e assopra! E eu sigo aqui, apanhando quase todo santo dia, mas cada dia mais consciente de que eu sou a sua melhor bússola, por mais imperfeita e limitada que eu seja... Somos assim, perfeitos um para o outro até mesmo nas nossas imperfeições (ou justamente por elas).

Waleska Montenegro.



quarta-feira, 18 de julho de 2018

Maternidade, Amor ou Sacrifício?




Algumas coisas em educação infantil sempre me pareceram muito óbvias, ainda que contrárias à grande tendência atual. 
Eu costumo dizer que em matéria de maternidade, muita coisa é intuitiva, e, ainda, muito pitaco mais atrapalha do que ajuda, por isso sempre tive em mente que eu tomaria as rédeas por mais inexperiente que eu fosse. 
Na questão dos estudos, em específico, sempre foi consenso aqui em casa que só colocaríamos as crianças na escola depois dos 6 anos, pela própria questão da formação do caráter e de tudo que estes preciosos anos representam para o resto de suas vidas. Mas quis Deus que esse adiamento se prolongasse mais, tornando-se, hoje, nossa opção de vida - e morte, se necessário for. 
Não foi uma escolha fácil, mas foi extremamente consciente. E quando digo consciente, digo com relação a todas as implicações que ela traria para nossas vidas, implicações que, confesso, nem todo mundo está preparado para enfrentar. 
Eu não sou mestre em Homeschooling, acho que nunca serei. Não me sinto preparada para assumir, como algumas pessoas já me sugeriram, uma postura de coach neste assunto. Portanto, jamais direi aqui como alguém deve fazer, como deve começar, o que é certo ou errado. O máximo que continuarei a fazer é justamente isso, partilhar COMO eu faço e cada um, de acordo com seus valores, sua realidade e rotina, se encarrega de aplicar do jeito que melhor for. 
Mas eu posso dizer, de coração, que não escolha este caminho se você não tiver certeza dele... E quando eu digo certeza, eu não digo com relação ao que é melhor para seu filho, mas, principalmente, do quanto você está disposta a mudar e se doar para que esta escolha funcione.
Das muitas queixas e dúvidas que me chegam on line ou ao vivo, a mais recorrente delas é a paciência, ou a falta dela. São pessoas que chegam para me dizer que gostariam de ter a paciência que eu tenho. Eu rio, intimamente, rio tanto que se elas pudessem escutar minha alma eu até me envergonharia! 
Quando vejo alguém fugir de uma escolha ou responsabilidade por não se julgar capaz de mudar eu penso como deve ser difícil para esta pessoa conviver com o peso desta omissão...  Sim, omissão, porque se você sabe o que é melhor para o seu filho e, mesmo assim, segue procrastinando essa decisão por comodismo ou covardia, sua consciência, em algum momento, vai te pedir as contas.
Hoje, depois de pouco mais de dois anos de nossa escolha, depois de mergulhar de cabeça neste universo, posso dizer que não imagino outra vida para nossos filhos. Hoje, depois de desconstruir todos os mitos e falácias que cercam quem opta por este estilo de vida, posso afirmar com toda certeza do meu coração que não existe NADA, exceto Deus, que me impeça de seguir. Há dias mais difíceis, mas nada diferente ronque vejo em casas onde as crianças passam o dia inteiro fora.
Paciência é algo que sempre nos faltará e não é pelo fato de termos crianças 24h em casa, mas sobretudo pelas exigências que a vida acabou por depósitar em nós.
Eu sigo na minha luta pela temperança, e faz parte dela diminuir o ritmo, diminuir as cobranças desnecessárias, reorganizar as prioridades, abrir os porões e de lá retirar o resto do lixo que por décadas eu acumulei, quebrar os cristãos que ainda faltam e limpar as prateleiras para que o novonpossa ocupá-las.
Foi assim que tudo aconteceu... É assim que diariamente acontece! E o que posso mais dizer, exceto ser uma prova viva de que esta escolha não fez, faz e fará bem apenas aos nossos filhos...
Eu sou o testemunho do que o amor é capaz de fazer, daquilo que, por este amor, somos capazes de sacrificar... E afirmo com toda arrogância que eu puder ter: se um filho não mudar você, nada mais mudará!
Maternidade não é amor e sacrifício; maternidade é AMOR! Porque é justamente no sacrifício que este amor está ainda mais presente!

Waleska Montenegro.